Hoje quero falar com você sobre um tema que há tempos não escrevo nesse blog: A depressão!
Estudo recente de Shomaker e cols. (2012) revelou que adolescentes obesos com maior condicionamento físico (CF), apresentavam menos sintomas depressivos do que os adolescentes com menor CF. Por exemplo, os adolescentes com baixo CF, apresentavam um maior grau de anedonia (perda da capacidade de sentir prazer) do que os adolescentes com maior CF.
Se você buscar uma explicação fisiológica para esses dados, eu apontaria seus estudos para a neuroplasticidade, pois na depressão, a comunicação entre os neurônios de diversas áreas distintas (humor, memória e tomada de decisões) é comprometida. Entretanto, os treinos aeróbios, específicos para aumentar o CF, são eficazes em melhorar a comunicação entre os seus neurônios, pois aumentam os níveis da proteína chave para a manutenção e o desenvolvimento dos neurônios, o BDNF.
Portanto, acredito que investir no aumento do seu CF é uma ótima estratégia para a prevenção e tratamento da depressão. Vale ainda ressaltar que muitas pessoas obesas apresentam depressão, então a recomendação de que treino aeróbio não é eficaz para emagrecer, me parece pouco assertiva, uma vez que emagrecer é muito mais saúde do que estética 💭!!
Então bora ficar Sempreguiça e investir nos treinos aeróbios para emagrecer !!
Deixe suas sugestões e críticas para as próximas entrevistas.
Invista na sua saúde e “bora” ficar #sempreguiça.
Vamos nessa?!?!
PS1.: Onde ouvirem “Obrigado pelo convite” entendam “Obrigado por ter aceitado o convite”; PS2.: Na demonstração do 2° exercício para membros inferiores a ventania atrapalhou o áudio. Desculpas!!
Diante do avanço do sobrepeso e da obesidade infantil é fundamental que essas pessoas adotem um estilo de vida mais saudável, por meio de uma alimentação correta e a inclusão de exercícios físicos, para minimizar as complicações associadas à obesidade. Em relação ao exercício físico, além do exercício aeróbio, considero muito importante a inclusão da musculação, pois além de não atrapalhar o desenvolvimento de adolescentes com sobrepeso e obesos a musculação promove muitos benefícios para a saúde dessas pessoas (Behm etal., 2008).
Veja os benefícios específicos da musculação para a composição corporal e a saúde dessas pessoas:
Aumento da densidade mineral óssea sem nenhum efeito adverso no crescimento maturacional (Sadres et al. 2001);
Maior desenvolvimento da força e resistência muscular;
Manutenção da massa magra;
Associado ao treinamento cardiorrespiratório melhora a pressão arterial de repouso e tem efeito positivo no perfil lipídico;
Outros benefícios da musculação para a saúde dos adolescentes são:
Melhora no controle das habilidades motoras e coordenação;
Veículo para a reabilitação de várias outras condições que prejudicam o crescimento como fibrose cística e osteopenia em pré e pós-adolescentes;
Resiste a lesões e colabora na construção de atitudes positivas pelo aumento dos níveis de confiança e autoestima;
No entanto, para que tais benefícios sejam atingidos é fundamental que o Educador Físico defina metas realistas e mensuráveis para o adolescente possa observar como aumento da sua força e a diminuição da gordura corporal. Isso ajuda de forma significativa a manter a frequência e a confiança do adolescente no programa, além de conduzir o adolescente a pratica de alguma modalidade esportiva que é fundamental para melhorar sua saúde física e psicológica.
E assim, a somatória desses benefícios promovidos pela musculação irá contribuir de forma gradual para o processo de emagrecimento em adolescentes com sobrepeso e obesos, por conseguinte, permitir uma melhor qualidade de vida.
Behm, D. G. et al. Canadian Society for Exercise Physiology position paper: resistance training in children and adolescents. Appl. Physiol. Nutr. Metab. 33: 547–561 (2008).
Grabert, D. Structuring a Resistance Training Program to Combat Childhood Obesity. National Strength and Conditioning Association. Acesso em: 23/08/2013.
Sadres, E. The effect of long-term resistance training on anthropometric measures, muscle strength, and self-concept in pre-pubertal boys. Pediatr. Exerc. Sci. 13: 357–372. (2001).
Antes de falar dos benefícios dos exercícios de força (musculação) para adolescentes com sobrepeso e obesos, considero fundamental informar algumas diretrizes que os profissionais de Educação Física devem utilizar para nortear a prescrição de treinamento para essas pessoas.
Com o avanço da obesidade infantil no Brasil, muitos pais tem levado seus filhos para a academia com intuito de ajudá-los a adotar um estilo de vida mais ativo. No entanto, devido à falta de orientação especializada muitos pais acreditam que a musculação prejudica o desenvolvimento dos seus filhos. Entretanto, pela minha experiência e estudos nessa área, considero que a musculação não oferece nenhum risco para a saúde e o desenvolvimento dos adolescentes, desde que algumas diretrizes sejam seguidas.
Veja na tabela abaixo algumas dessas diretrizes de acordo a Sociedade Canadense de Fisiologia do Exercício e o National Strength and Conditioning Association:
Variável do Treinamento
Introdutório
Iniciante
Intermediário/Avançado
Intensidade
Peso Corporal
50 – 70 % de 1RM
60 – 85% 1 RM
Volume
1-2 séries x
10-15 repetições
1-2 séries x
10-15 repetições
2-6 séries x
6-12 repetições
Intervalo entre séries
1-2 minutos
1 minuto
1-3 minutos
Frequência (dias/semana)
2-3
2-3
2-4
Outras diretrizes a serem considerados são:
Incluir exercícios multiarticulares;
Alguns adolescentes podem ter certas barreiras para executar determinado exercício, e assim, a progressão pode ser mais lenta do que para outras crianças;
O aspecto lúdico deve ser incorporado no programa de treinamento;
Evitar competições de levantamento de peso, bodybuilding, até que alcancem a maturidade física e esquelética.
Finalmente, considero fundamental, desde a fase introdutória até o nível avançado, a garantia da segurança do programa
de treinamento, ou seja, o Educador Físico deve orientar e supervisionar o adolescente para que execute os exercícios com cargas baixas até a técnica apropriada ser aprendida.
Sem essa conscientização, o adolescente tende a aumentar a carga dos exercícios por livre espontânea vontade para querer mostrar força diante os demais amigos, e é a partir desse ponto que se começa a comprometer sua saúde e o seu desenvolvimento.
Nos próximos posts vou comentar sobre os benefícios da musculação para adolescentes.
Behm, D. G. et al. Canadian Society for Exercise Physiology position paper: resistance training in children and adolescents. Appl. Physiol. Nutr. Metab. 33: 547–561 (2008).
Grabert, D. Structuring a Resistance Training Program to Combat Childhood Obesity. National Strength and Conditioning Association. Acesso em: 23/08/2013.
Hoje quero compartilhar uma reportagem muito interessante publicada na revista FAPESP sobre a obesidade em adolescentes e adultos.
ADOLESCENTES
Pesquisadoras da Unifesp constataram em adolescentes de 14 a 19 anos que perder apenas 8% do excesso de peso, o equivalente a uma
redução de 6 a 11 quilogramas (kg) da massa corporal, pode ser o bastante para desfazer as alterações metabólicas causadas pela obesidade, manter a fome sob controle e sair da faixa de risco para diabetes, hipertensão, e doenças cardiovasculares, que normalmente acompanham a obesidade.
Dados do Ministério da Saúde apontam que 20% dos adolescentes e 48% da população estão acima do peso recomendado para a idade e a altura. Dessa forma, a pesquisadora Danielle Caranti diz que é necessário incorporar mudanças no estilo de vida dos adolescentes para evitar a carga de doenças crônicas na vida adulta, bem como colaborar na redução de gastos do sistema público de saúde.
ADULTOS
Outra pesquisa que está em andamento na Unifesp de Santos, revelou que os níveis dos hormônios que controlam o apetite e os processos inflamatórios decorrentes do excesso de peso podem estar até três vezes acima do normal. Desse modo, adultos obesos provavelmente terão de perder mais peso do que os adolescentes para desfazer as alterações metabólicas causadas pela obesidade.
A autora da pesquisa revela que a redução mínima de massa corporal necessária para normalizar os níveis dos principais hormônios ligados à obesidade parece ser de da ordem de 10 a 20% e só se chega a esse valor após pelo menos um ano de exercícios físicos e ajustes na dieta e no estilo de vida.
A pesquisadora Ana Dâmaso alerta para o perigo do emagrecimento rápido, uma vez que, quando se emagrece muito rapidamente, a gordura do abdômen tende a ir para o fígado e para o coração.
Sendo assim, volta a afirmar que a perda de massa corporal dever ser gradual, não é interessante para a sua saúde tentar perder peso rapidamente. Para tal, adolescentes e adultos devem adotar mudanças positivas do estilo de vida, bem como procurar a ajuda de outros profissionais da área da saúde, uma vez que, a causa da obesidade é multifatorial.
A causa fundamental do sobrepeso e da obesidade é decorrente do desequilíbrio energético entre o excesso de calorias consumidas e um baixo gasto calórico decorrente do sedentarismo. Contudo, outras interações entre genética, atividade física / exercício físico, fatores culturais e educacionais devem ser levadas em consideração na causa do sobrepeso e da obesidade, ou seja, a obesidade é complexa devido a sua natureza multifatorial.
Um fator importante na abordagem terapêutica do sobrepeso e da obesidade é a eficiência da intervenção mediante a orientação dos hábitos alimentares e a prática regular de exercícios físicos. Esta combinação trás grandes benefícios na redução do excesso de tecido adiposo, pois ajuda também na manutenção da massa corporal, na manutenção e / ou no aumento da massa magra. Sabe-se que quanto maior o tempo de intervenção, com a prática de exercícios físicos, melhores são os resultados na redução da massa corporal, bem como ocorre uma significativa mudança na saúde da pessoa .
Há também a necessidade de uma equipe multidisciplinar para uma correta abordagem na redução da massa corporal. Para iniciar um programa de redução da massa corporal, é importante que a pessoa tenha conhecimento tanto da sua alteração corporal como de seu estado de saúde geral, por meio da avaliação de um médico; orientação nutricional realizada por um nutricionista e os exercícios físicos prescritos por um professor de educação física, além de um grande envolvimento familiar e da própria pessoa.
A persistência da obesidade na vida adulta é onde se detecta os maiores índices de enfermidades colaborando inclusive para aumento da mortalidade. Já na infância, a facilidade de tratar a obesidade é maior pelo fato da criança ser mais ativa e de modo natural participa de jogos e brincadeiras que aumentam seu consumo energético. Porém, na adolescência o indivíduo começa a assumir posturas que o levam à inatividade, fato que é mais exacerbado na fase adulta.
Mas como sei se estou com sobrepeso ou com obesidade?? Isso será tema para os próximos posts.
Até lá!!
REFERÊNCIAS
1. Romero, A. Lípídios, patologias associadas e exercício: obesidade. In: Lima, W. P. (org). Lipídios e exercício: aspectos fisiológicos e do treinamento. Editora Phorte. 2009.
2. Lambers, S. et al. Influence of combined exercise training on indices of obesity, diabetes and cardiovascular risk in type 2 diabetes patients. Clin Rehabil. (2008) Jun;22(6):483-92.
3. Annesi, J.J.; Whitaker, A. C.Weight loss and psychologic gain in obese women-participants in a supported exercise intervention. Perm J. (2008) 12(3):36-45.
4. McArdle, W. D. et al. Sobrepeso, Obesidade e Controle Ponderal. In: McArdle, W. D. et al. Fisiologia do Exercício. Guanabara Koogan. (2008).